O relacionamento entre pais e filhos pode sair seriamente prejudicado pelo facto dos progenitores passarem muito tempo a ver televisão ou a mexer no telemóvel nos momentos em família. De acordo com um estudo das universidades de Illinois e de Michigan, nos Estados Unidos, a interferência da tecnologia pode levar a que as crianças apresentem mais hiperatividade e frustração, além de chorarem mais e fazerem mais birras.
Estima-se que os adultos dispendam cerca de 9 horas por dia diante dos ecrãs, sejam eles do computador, tablet, televisão ou telemóvel. Segundo estimativas recentes, a tecnologia móvel representa um terço da totalidade do tempo dispendido – cerca de 3 horas diárias.
Principalmente a televisão e o telemóvel são, hoje em dia, parte da família, até porque há quem os use durante as refeições nos momentos em que estão com as crianças e até na cama.
O estudo decorreu ao longo de dois anos e visou a análise de dados de 337 pais e mães, com filhos até 5 anos de idade. Nos questionários foi pedido aos pais que dissessem em que situações usavam os “ecrãs” e por quanto tempo. As mesmas questões foram colocadas relativamente aos filhos.
A revista ‘Pediatric Research’ publicou os resultados da pesquisa e uma das conclusões é que um maior uso da tecnologia, aumenta a tendência das crianças ficarem aborrecidas ou tristes com mais facilidade, além de fazerem birras quando são contrariadas. Muitas vezes os pais estão concentrados nos dispositivos e as crianças interrompem por alguma motivo. A tendência é responderem apressadamente ou de forma despreocupada.
O comportamento gera um ciclo vicioso em que a criança cada vez reclama mais atenção, fazendo birras, para conseguir tirar os pais dos ecrãs, o que os stressa e gera o efeito contrário, acabando por procurar refúgio na tecnologia.
À falta de conversa, de apoio e de atenção dos pais, inevitavelmente os mais novos também vão usar mais os dispositivos móveis, o que faz com que passem a ser vistos como “viciados” e pouco educados. Urge assim a necessidade dos pais fazerem opções e de reduzirem o número de horas diante das telas. Caso contrário estão a criar adultos que, tal como eles, um dia não vão saber viver “offline”.