Na Europa, 4 em cada 10 trabalhadores sente que o stress não é um tema devidamente abordado nos seus locais de trabalho, e a causa do mesmo pode não ser tão linear como se julga. Quanto a formas de combate, as mesmas estão ligadas a procedimentos de segurança e saúde no trabalho.
O stress pode corresponder, de forma geral, à incapacidade de um indivíduo lidar com determinada situação em que se encontra, havendo um desequilíbrio no julgamento entre as exigências que enfrenta e as capacidades que considera necessárias para as cumprir. O stress relacionado com o trabalho é o segundo problema de saúde mais referido na Europa, segundo o inquérito EU-OSHA, e, por isso, a APSEI – Associação Portuguesa de Segurança, desmistifica-lhe algumas das causas e possíveis soluções, que andam ligadas à Segurança e Saúde no Trabalho.
O que pode causar o stress?
As causas, sintomas e consequências do stress não são 100% lineares, uma vez que o mesmo pode resultar de fatores pessoais, como o desequilíbrio entre o trabalho e a vida familiar, ou de fatores relacionados com a envolvente social, ambiental e/ou organizacional em que está inserido.
Em ambiente de trabalho são exemplos comuns de fatores de stress as exigências muito altas ou baixas em relação às competências, falta de clareza na definição das funções e responsabilidades, falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador e falta de controlo sobre a forma como executa o trabalho.
Podem ainda estar incluídas causas como o apoio inadequado por parte de superiores ou de colegas, discriminação, relações hierárquicas, má gestão de mudanças organizacionais, insegurança laboral, estagnação da carreira, remuneração baixa e, também, comunicação ineficaz na organização. Mesmo que a causa do stress não esteja diretamente relacionada com o trabalho, é comum que seja extrapolado para o mesmo – afinal, o trabalho é o local onde todos passam a maior parte do seu tempo.
Embora o stress em si não seja uma doença, pode causar perturbações no organismo ou criar um esgotamento físico de caráter depressivo relacionado com o trabalho, conhecido como Síndrome de Burnout.
Além de não ser bom para o colaborador, também tem os seus contras para a organização: pode aumentar e prolongar o absentismo, especialmente por motivo de doença, reduzir o desempenho, aumentar a rotatividade negativa dos trabalhadores e o número de acidentes de trabalho.
Como pode ser combatido?
A informação e motivação da entidade patronal e dos trabalhadores para a promoção de um ambiente de trabalho seguro são fundamentais para desencadear uma gestão que promova a mitigação dos riscos psicossociais e, desta forma, o stress no trabalho. Existem várias ações que promovem o combate ao stress no local de trabalho.
– Intervir no local de trabalho com a finalidade de diminuir ou eliminar os fatores de stress;
– Alterar o ambiente físico, otimizar as condições de trabalho e implementar pausas de trabalho de forma a promover o descanso e o convívio entre trabalhadores;
– Promover a sensibilização no local de trabalho, com vista a trabalhar por um entendimento comum do stress;
– Promover a resiliência pessoal e, consequentemente, da equipa e da empresa;
– Promover a saúde e bem-estar dos trabalhadores (influência de fatores como a alimentação saudável e
atividade física);
– Desenvolvimento de capacidades como gestão de tempo ou resolução de conflitos;
– Intervir e apoiar ao identificar-se uma situação relacionada com problemas de saúde e bem-estar derivados
do stresse, envolvendo a medicina do trabalho sempre que necessário.
A valorização da atividade de segurança e saúde dentro da organização contribui, de uma forma geral, para o controlo dos riscos psicossociais, na medida em que valoriza a segurança do trabalhador e o seu bem-estar.