Com “Bohemian Rhapsody” nos cinemas de todo o mundo, Mary Austin voltou a ser notícia. A mulher que namorou Freddie Mercury na década de 1970 e que teve um papel fundamental na vida do vocalista dos Queen, é interpretada no filme por Lucy Boynton.
Aos 19 anos, Mary era uma vendedora na loja londrina Biba, um dos lugares mais na moda da capital inglesa, na altura. Freddie e o guitarrista Brian May iam lá muitas vezes para ver as raparigas e o vocalista acabou por se apaixonar pela jovem.
Namoraram durante seis anos, e desse relacionamento nasceu uma das músicas mais importantes dos Queen: “Love of My Life“. A homenagem do cantor para a amada foi lançada em 1975, e falava da importância de Mary para Freddie.
“Todos os meus amantes me perguntavam por é que eles não conseguiam ocupar o lugar da Mary, mas é simplesmente impossível“, disse o vocalista em 1985. “A única amiga que tenho é a Mary, e não quero mais ninguém. Para mim, ela é a minha mulher. Para mim, foi um casamento. Nós acreditamos um no outro, isso é o suficiente para mim”.
Freddie Mercury chegou a pedir a namorada em casamento em 1973, ano em que o grupo lançou o primeiro disco. O noivado acabou depois de o cantor ter revelado à noiva que era bissexual.
Ele começou a chegar tarde a casa, ela até desconfiou que a andasse a trair com outra mulher, quando Freddie a chamou para conversar. “Jamais vou esquecer daquele momento. Sendo um pouco ingénua, demorei a perceber a verdade. Ele sentiu-se bem por finalmente contar que era bissexual, mas eu lembro que lhe disse: ‘Não, Freddie. Não acho que sejas bissexual. Acho que és gay‘”, contou Mary ao “Daily Mail”.
Ele abraçou-a e disse-lhe que queria que ela fizesse parte da sua vida.
E assim foi. Freddie e Mary nunca mais se largaram, principalmente quando a saúde do vocalista dos Queen já estava fragilizada. Mary estava ao lado do companheiro em novembro de 1991, quando o músico morreu, aos 45 anos, por complicações relacionadas com o vírus HIV.
“Ele manteve-a por perto quando ele adoeceu“, escreveu Mark Blake na biografia “Is This the Real Life?: The Untold Story of Freddie Mercury and Queen”. “Ela esteve lá antes do dinheiro e da fama, e esteve no fim também”.
Quando morreu, Freddie Mercury deixou grande parte da sua fortuna a Mary Austin, o que desagradou a muitos.
Mary Austin herdou a mansão onde ele passou os seus últimos anos em Garden Lodge e metade de sua fortuna, além dos seus direitos de autor.
Freddie dividiu a outra metade do testamento com o companheiro Jim Hutton; o seu assistente pessoal, Peter Freestone; e o seu cozinheiro, Joe Fanelli. O restante património foi dividido por igual entre a irmã e os pais.
Mary seguiu a sua vida amorosa após ter terminado o noivado com Freddie Mercury. Teve dois filhos com o pintor Piers Cameron, e Freddie foi o padrinho do primogénito. Anos depois, voltou a casar, com o empresário Nick Holford. Este relacionamento durou cinco anos.
Nos anos 90, Mary viu-se envolvida em polémicas por causa da fortuna que o líder dos Queen lhe deixou em testamento. Familiares, amigos de Freddie e até elementos da banda, não gostaram muito de ver o que ela recebeu após a morte do artista. “Ele tinha-me avisado que a casa seria um desafio muito grande com que eu teria de lidar. E senti a inveja na mesma hora. Foi muito doloroso“, disse Mary ao Daily Mail.
“Freddie foi muito generoso com eles (os membros do Queen) nos últimos anos da sua vida e não acho que eles sentissem essa generosidade. Acho que eles não apreciaram ou reconheceram o que Freddie lhes deixou. Ele deixou para a banda 25% dos últimos álbuns, ele não precisava de fazer isso. E nunca ouvi nada da parte deles“, explicou.
A pedido do ex-namorado, Mary, de 68 anos, foi a responsável pelo ritual das cinzas de Freddie Mercury, mas nunca revelou o local onde foram lançadas. “Os fãs podem ser profundamente obsessivos. Ele quis manter-se em segredo e vai continuar assim”.