A notícia foi surpreendente para todos. O duque e a duquesa de Sussex, Harry e Meghan, anunciaram quarta-feira, dia 8 de janeiro, a decisão de “recuar” nos deveres enquanto “membros seniores” da família real do Reino Unido.
Um acontecimento sem precedentes na história recente da monarquia britânica, apenas comparável à renúncia em 1936 do rei Eduardo VIII, que abdicou do trono para se casar com a plebeia americana e divorciada Wallis Simpson.
Os duques de Sussex, que casaram em maio de 2018 e foram pais de Archie no ano seguinte – anunciaram que ao fim de “muitos meses de reflexão e discussões internas“, decidiram “desempenhar um novo papel” e tornarem-se “financeiramente independentes“, o que significa que vão abdicar do fundo público – Sovereign Grant – que cobre os custos da família real e entrar para o mercado de trabalho.
Além disso, afirmaram que continuarão “a apoiar totalmente” a Rainha Isabel II, mas divididos entre o Reino Unido e a América do Norte.
A família real está magoada com a decisão tomada pelos duques de Sussex
Ainda não está claro como serão vistos ou tratados. Nenhum membro sénior da realeza comentou a decisão. Os tabloides britânicos referem que o comunicado enfureceu alguns parentes como foi o caso do pai e do irmão de Harry. Nenhum outro membro da realeza sabia desta decisão. O Palácio de Buckingham informou numa breve nota que as “conversações” com os duques de Sussex estão numa “fase inicial” e que “essas questões são complicadas e demoram tempo a ser resolvidas“.
A statement from Buckingham Palace regarding The Duke and Duchess of Sussex. https://t.co/1qtTEHiIq6
— The Royal Family (@RoyalFamily) January 8, 2020
Mas o que significa ser um membro sénior da família real?
No seio da realeza esse termo refere-se aos membros que estão no topo da linha de sucessão e as suas esposas. Harry ocupa a sexta posição, atrás do seu pai Carlos, do irmão William e dos três sobrinhos.
Os seniores trabalham ativamente em questões relacionadas com a realeza, desempenham funções em nome da rainha Isabel II e são representantes internacionais da família real.
Alguns ocupam também a posição de Conselheiros de Estado e podem assumir algumas das funções da rainha no caso de ela estar doente ou fora do país. Mas não podem discutir assuntos da Comunidade das Nações, dissolver o Parlamento ou nomear um primeiro-ministro. Por lei, os Conselheiros de Estado são o casal soberano e as próximas quatro pessoas na linha de sucessão ao longo de 21 anos. São eles atualmente o príncipe Phillip, duque de Edimburgo; o príncipe Carlos, duque da Cornualha; o príncipe William, duque de Cambridge; o príncipe Harry, duque de Sussex; e o príncipe Andrew, duque de York.
Madame Tussauds já tomou medidas
O museu Madame Tussauds de Londres anunciou que já removeu os modelos de Harry e Meghan do conjunto da família real. O casal deixa assim de fazer companhia às estátuas da rainha Isabel II, do duque de Edimburgo, e dos duques de Cambridge.
“Assim como o resto do mundo, estamos a reagir às notícias surpreendentes de que o duque e a duquesa de Sussex deixarão de ser membros seniores da família real“, começou por dizer Steve Davies, diretor do museu, em comunicado. “A partir de hoje, as figuras de Meghan e Harry não fazem parte do nosso conjunto da família real”, continuou acrescentando que, “sendo estas duas das nossas figuras mais apreciadas irão naturalmente continuar a ter um papel importante no Madame Tussauds de Londres enquanto esperamos para ver qual será o próximo capítulo nas suas vidas”.
We’ve got to respect their wishes 🤷♂️ #Megxit pic.twitter.com/mb936VcqRd
— Madame Tussauds London (@MadameTussauds) January 9, 2020
As opiniões não se fizeram esperar
O “The Guardian” revela que os duques “desafiaram as instruções da rainha de não divulgarem o anúncio bombástico (…) até que os detalhes dos planos fossem totalmente discutidos“, afirmando que enviaram uma cópia do comunicado aos príncipes Carlos e William “apenas 10 minutos antes de este ser divulgado no Instagram“.
O “Daily Mirror” diz que a rainha não foi avisada desta decisão e que isso “desrespeita” uma mulher “cuja vida foi dedicada ao sentido de dever e honra públicos“.
O apresentador de televisão Piers Morgan culpou Meghan pela separação da família real e pelo afastamento dos irmãos Harry e William. “As pessoas dizem que sou crítico demais com Meghan Markle, mas ela abandonou a sua família, abandonou o seu pai, abandonou a maioria dos seus velhos amigos, separou Harry de William e agora separou-o da família real. Não há mais nada a dizer“, escreveu.
“A rainha deve despedir os traficantes reais: Os iludidos Meghan e Harry devem ser despojados dos seus títulos antes que este par de aspirantes a Kardashian-egoísta e intrigante derrube a Monarquia”, relata noutra publicação o jornalista britânico.
*NEW: The Queen must FIRE Their Royal Hustlers: Deluded Meghan and Harry should be stripped of their titles before this pair of grasping, selfish, scheming Kardashian-wannabes bring down the Monarchy.
My new column: https://t.co/TrLTlcsQ1n pic.twitter.com/fGG537Ay6H— Piers Morgan (@piersmorgan) January 9, 2020
Para Dickie Arbiter, ex-funcionário do Palácio de Buckingham, a decisão dos duques mostra que o príncipe Harry está a deixar “a emoção comandar a razão” e que o “massacre” da imprensa no nascimento do filho do casal pode ter tido papel importante nesta resolução.