A atriz Natália de Sousa, 73 anos, cofundadora da companhia Teatro Ádóque, que participou nos programas “Hermanias” e “O Tal Canal”, de Herman José, morreu esta quarta-feira, 13 de janeiro, disse à agência Lusa o ator Paulo Vasco.
A atriz residia em Setúbal e completaria 74 anos no próximo dia 25.
Natália de Sousa ficou conhecida como uma das “coelhinhas” que acompanhavam a personagem Tony Silva, em “O Tal Canal”, programa de que fez parte, integrada na equipa liderada por Herman José.
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A atriz esteve no grupo fundador da companhia Ádóque – Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, que construiu o seu próprio palco, no largo do Martim Moniz, em Lisboa, após o 25 de Abril. Entrou na revista inicial, “Pides na Grelha”, em 1974, e na produção seguinte, a “CIA dos Cardeais”, de 1975.
Com esta companhia destacam-se igualmente os seus trabalhos em “A paródia” e “Ó da guarda!”, em 1977, “Chiça! Este é o bom governo de Portugal” e “Paga as favas”, de 1980 e 1981, respetivamente, depois ter atuado em “A Batalha do Colchão”, que esteve em cena em 1977, no Teatro Capitólio, também Lisboa.
No mesmo ano, participou ainda na revista “Ó da Guarda” no Teatro ABC, e, em 1978, fez parte do elenco de “Aldeia da Roupa Suja”, também produzida pela empresa de Vasco Morgado, no Teatro Variedades, outro palco no Parque Mayer, na capital.
Aqui, no início dos anos de 1980, entrou igualmente na revista “Não Há Nada Pra Ninguém”, do Teatro Maria Vitória, onde participou, pouco depois, em “Sem Rei Nem Rock”.
Em 1983, entrou no musical “Annie”, no Teatro Maria Matos, onde contracenou com Manuela Maria e Canto e Castro, entre outros atores.
No teatro participou ainda em várias comédias, até meados da década de 1990, entre as quais “Coronel em Dois Actos”, de Jean-Jaques Bricaire e Maurice Lasaygues, adaptada aos palcos portugueses por Francisco Nicholson, com Alina Vaz e Camilo de Oliveira, que esteve em cena durante quase um ano, no Teatro Variedades.
Na base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa encontra-se igualmente a sua participação em “Filomena Marturano”, de Eduardo de Filippo, numa encenação de José Osuna, com Mariana Rey Monteiro e Paulo Renato, estreada no Teatro Maria Matos e que depois se estendeu à plateia maior do Teatro Monumental.
No cinema, fez parte do elenco de “Um Crime de Luxo” (1991), de Artur Semedo, tendo contracenado com Henrique Viana, Carlos Cunha, Marina Mota e o próprio realizador.
Natália de Sousa teve presença regular na televisão, nas décadas de 1970 a 1990, em particular nos programas de Herman José, como “O Tal Canal” e “Hermanias”, e noutras produções de comédia como “Lá em Casa Tudo Bem”, “As Aventuras do Camilo” e “Milionários à Força”.
A atriz, no entanto, também fez papéis dramáticos, como em “O Homem que Matou o Diabo”, série da RTP sobre o romance de Aquilino Ribeiro, produzida em 1979, “Antígona”, de Jean Anouilh, filmada para a televisão pública, em 1984, e “Ricardina e Marta” (1990), novela baseada nos romances de Camilo Castelo Branco.
Desde a atuação no programa musical “Pifelim”, da RTP, no início da década de 1970, até à reunião do elenco de “O Tal Canal”, que Herman José empreendeu em 2018, numa emissão de “Cá por Casa”, o nome de Natália de Sousa atravessa perto de cinco décadas de televisão portuguesa, com presença regular em produções que vão de “Nicolau no País das Maravilhas” (1975) e “Eu Show Nico” (1980), de Nicolau Breyner, às “Excursões Air Lino” (2018), com Rui Unas, escritas Mário Botequilha e Filipe Homem Fonseca, para a RTP1.
“Sabadabadu”, “E o Resto São Cantigas”, ambos de 1981, “Um Solar Alfacinha” (1990), “Não Há Duas Sem Três” (1998), “Médico de Família” (2000) e “As Taradas” (2003) são outras produções de espetáculo, comédia e ficção, que tornaram o rosto de Natália de Sousa um dos mais familiares em todo o país.