Anna Westerlund não conseguiu calar a sua indignação face à decisão do governo de disponibilizar as casas do empreendimento Zmar, onde tem a casa que, juntamente com o falecido companheiro idealizou. Estas casas irão receber doentes Covid de Odemira, a maior parte trabalhadores contratados para trabalhar nas estufas locais.
São Teotónio e Longueira-Almograve, duas freguesias do município de Odemira, foram colocadas numa cerca sanitária, tendo o governo avançado com medidas de rastreio e isolamento dos infetados por Covid-19. Para garantir o confinamento obrigatório dos doentes, avançou com a requisição temporária do empreendimento ZMar. A viúva de Pedro sente que está “a viver numa ditadura“.
“Desde ontem que sinto que estou a viver numa DITADURA! Temos uma casa no @zmarecoexperience, e o governo decidiu que a temos de disponibilizar para receber doentes covid de Odemira a maior parte deles trabalhadores nas estufas locais“, começou por divulgar a ceramista.
“Diz o primeiro ministro que eles têm direito a viver em condições dignas (obviamente, mas esse direito não começou ontem!)”, continuou.
“Pergunto eu, há quanto tempo é que eles não vivem em cima uns dos outros enfiados em casas sabe-se lá em que condições. Não é desde o tempo do covid! E agora não são os empresários que os contratam que são responsáveis por eles? Não é o governo que fecha os olhos à quantidade deles que devem estar ilegais que cuida deles?“, questionou visivelmente revoltada, acrescentando: “Sou eu que sou OBRIGADA a ceder a minha casa para os receber“.
“Melhor ainda, o Zmar está já há muito tempo numa situação financeira difícil e agora que tinha um investidor decidido a dar ao Zmar a dignidade que merece, acontece isto. Pergunto eu se o investidor desistir, quem é que se vai preocupar com os 200 trabalhadores do Zmar que vão ficar sem trabalho? Se o Zmar fechar quem é que se vai preocupar com a dinamização turística importante que este empreendimento proporciona naquela região? Se o Zmar fechar quem é que se vai preocupar com os proprietários que ficam com casas na “terra de ninguém”? Gostava de saber o que é que o primeiro ministro vai requisitar nessa altura!?“, elucida Anna Westerlund.
“Pelos vistos nós cidadãos comuns que cumprimos com as nossas obrigações, perdemos facilmente os nossos direitos a favor de empresários que não tomam conta dos direitos dos seus trabalhadores“, constatou.
“Isto que está a acontecer com o Zmar e que parece uma simples requisição civil para resolver o COVID naquela zona é o camuflar de uma descaracterização daquela região que se enche de estufas, da ganância económica que não para para pensar nem olha a meios. Isto que está a acontecer no Zmar é MUITO GRAVE“, concluiu, mostrando-se completamente atordoada pela situação promovida pelo governo de um país denominado democrático.