Cultura

Congresso sobre obra de Agustina Bessa-Luís inclui ópera

O I do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís tem início esta terça-feira, dia 14, sob o lema “Ética e Política”, na obra da autora d’”A Sibila”, e inclui a estreia mundial da ópera “Três mulheres com máscara de ferro”.

A ópera “Três mulheres com máscara de ferro”, de Eurico Carrapatoso, é baseada numa obra inédita da autora, e é apresentada na terça-feira, às 22h00, sob a direção musical de João Paulo Santos, numa encenação de João Lourenço, na sala polivalente da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em Lisboa, que acolhe o congresso de dois dais.

Esta obra será publicada pela editora Babel, no âmbito deste congresso, numa edição que inclui textos de Isabel Pires de Lima, uma das participantes do certame, Vera San Payo de Lemos, Eurico Carrapatoso, João Mendes Ribeiro, Ana Maria Feijão e Mónica Baldaque, ilustrada com desenhos dos figurinos de Bernardo Monteiro e os estudos para o cenário de João Mendes Ribeiro.

Entre os participantes no congresso, conta-se o ex-ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, e a ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, que faz parte da direção do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, e do ex-Presidente da República António Ramalho Eanes.

No encontro participam cerca de três dezenas de personalidades, entre as quais os especialistas na obra de Bessa-Luís Isabel Ponce Leão, Sérgio Lira, Anamaria Filizola, Hilary Owen e José Carlos Seabra Pereira, os escritores Almeida Faria, Lídia Jorge, Inês Pedrosa e Miguel Real, o jornalista Carlos Câmara Leme. O congresso encerra com uma comunicação do ensaísta Eduardo Lourenço.

Antecipando o congresso, a Fundação publicou, em agosto último, “Elogio do Inacabado”, livro que reúne cinco inéditos de Agustina Bessa-Luís, provenientes da segunda metade da década de 1960.

O volume é constituído por “Homens e Mulheres”, “As Grandes Mudanças”, “Coração-de-Água”, “O Caçador Nemrod” e “Os Meninos Flutuantes”, “esboços de romances que Agustina Bessa-Luís escreveu durante um interregno editorial que só terminou em 1970, com a publicação de ‘As Categorias'”, explicou em comunicado a FCG.

“Os textos não publicados pelo autor, que ficaram inacabados, podem ter sido objeto de abandono, adiamento ou ser esboços que depois são retomados noutros livros. A sua edição vem cumprir o que neles ficou interrompido, o endereçar-se aos leitores”, afirma no prefácio Silvina Rodrigues Lopes que, no primeiro dia do Congresso, irá falar sobre Agustina e “O excesso da destinação como implicação política da literatura”.

Entre as comunicações a apresentar, destacam-se, de Catherine Dumas, “As mediações femininas na obra de Agustina Bessa-Luís: repensar o estatuto do artista na nossa contemporaneidade”, de Maria do Carmo Mendes, “Agustina: ética no/do feminino”, e, de Cristiane Baiotto, “A figuração da mulher no filme ‘O Convento’ e no romance ‘As terras do risco'”.

O primeiro livro de Agustina Bessa-Luís, “Mundo Fechado”, foi publicado em 1948. Desde então a escritora publicou ficção, ensaios, teatro, crónicas, memórias, biografias e livros para crianças. Várias obras suas foram adaptadas ao cinema por realizadores como Manoel de Oliveira (“Fanny Owen”, “Vale Abraão”) e João Botelho (“A corte do norte”).

O romance “A Sibilia”, publicado há 60 anos, valeu-lhe os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, os primeiros de uma lista de vários galardões, entre os quais o de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os meninos de ouro”, e que voltou a receber em 2001, com “Joia de família”.

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com, entre outros, os prémios Camões e Vergílio Ferreira, ambos em 2004, e o Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, em 2005.

“A brusca”, “Conversações com Dimitri e outras fantasias”, “O comum dos mortais”, “A quinta-essência”, a trilogia “O princípio da incerteza”, “Antes do degelo”, “Doidos e amantes” contam-se entre os títulos da escritora.

As récitas da ópera “Três mulheres com máscara de ferro”, de Eurico Carrapatoso, após a estreia na Fundação Calouste Gulbenkian, realizar-se-ão na Sala Azul do Teatro Aberto, nos próximos dias 17 e 18 de outubro (sexta-feira e sábado), a partir das 22h00.

Agustina-Bessa-Luís