Aos 27 anos, ele não deixa as plateias dos principais eventos de moda indiferente. Chama-se Mauro Lopes e é um dos manequins com mais carisma em Portugal.
A entrada no mundo da moda aconteceu “por acaso” em 2009, quando uma amiga o inscreveu “no Elite Model Look e correu bem”. “Fui seleccionado entre cinco mil inscritos e passei por várias fases até chegar à final. Depois tudo mudou”, recorda.
O primeiro trabalho surgiu pouco depois do concurso, quando ainda “não fazia ideia do mundo em que estava a entrar, nem percebia nada de moda. Mesmo depois de assinar o contrato com a Elite não tinha bem a noção da realidade e, só a partir do editorial para a revista ‘Up’ é que comecei a levar as coisas mais a sério. Um mês depois fui chamado para fazer ModaLisboa e depois Portugal Fashion e nunca mais parei”, desfia com o entusiasmo de quem gosta do que faz.
Cinco ano depois, Mauro começa a colher os frutos da dedicação e a ter “algum trabalho internacional” que era o que desejava e no que vai “continuar a apostar”. Lá por fora, “a campanha da marca turca Dorian” foi o trabalho que mais o marcou: “Estão outdoors com fotos minhas espalhadas pelo país”.
Com ascendência angolana e cabo-verdiana, o jovem também já se estreou em África com “um trabalho para o centro comercial de luxo que vai abrir em Angola”. “Eu e a Maria Borges somos a cara do centro comercial e estou muito feliz, porque é a terra onde a minha mãe nasceu”, confessa.
Sem nunca se sentir descriminado, Mauro Lopes tem noção de “que os negros têm um mercado limitado tanto aqui como em outros países”, mas não faz disso um drama, agarrando todas as oportunidades com a humildade que o caracteriza.
Com a plena noção da sua douta ignorância, começou por ser um autodidata na moda, até que ficou atento aos “trabalhos de outros colegas e estilistas”. Além disso, “nos trabalhos que fui fazendo até agora, tenho a preocupação de ver se falhei em alguma coisa e melhorar isso no próximo trabalho. Tenho que dar sempre o melhor e faço o trabalho de casa, informando-me sobre o que se passa, porque a moda muda muito e temos que estar a par das novas marcas”, assume.
Num mundo competitivo, Mauro tem “muita confiança” dá o seu melhor, sendo uma mais-valia estar sempre atualizado em relação ao meio onde se move. Viajar é uma paixão, sendo que “Nova Iorque e Londres” são mercados onde tem mais hipóteses de vingar e “Xangai” é um destino onde também gostaria de tentar a sorte.
“Adoro viver em Portugal, mas cá, em termos de mercado, há gente a mais e por isso gostava de viver fora do país e evoluir. Acredito que ainda tenho muito para dar”, frisa, garantindo que “há quem consiga” viver apenas da moda: “Isso depende de muitas coisas, das agências, dos modelos…. Há pessoas que conseguem outras não. Eu tenho um plano B, sou lojista e consigo conciliar com a moda”.
E, embora os homens consigam ter carreiras mais longas, Mauro quer voltar a estudar “e entrar na área de desporto”, até por influência do irmão que é personal trainer. No currículo, conta ainda com experiência nos relvados, como jogador do Clube Desportivo Sindicato de Setúbal. “Na altura era a carreira que queria seguir, o meu sonho era ser jogador de futebol, mas não aconteceu. Também não estava a ter saída no futebol, mas acho que a culpa era minha”, concluiu com um sorriso envolvente.
Fotos: José Gageiro