Cultura

Feira celebra Festa das Fogaceiras com receitas inovadoras

Santa Maria da Feira celebra na terça-feira a Festa das Fogaceiras, com meninas vestidas de branco a desfilarem com fogaças à cabeça e chefes locais a criarem receitas inovadoras como a fogaça com carne de porco.

Ambas as propostas integram as comemorações que há 509 anos têm por base a fogaça, um pão doce oferecido a S. Sebastião, em agradecimento pela sua proteção contra a peste negra, que por duas vezes assolou Terras da Feira.

Agora, em 2015, em feriado do município volta a missa matinal de bênção das fogaças e a procissão da tarde pelo centro histórico da cidade, mas a festa alarga-se também a restaurantes, a cafés e a pastelarias, cujas ementas privilegiam receitas fogaceiras raras durante o resto do ano.

“Só faço este prato no dia 20 de janeiro”, garantiu à “Lusa” o “chefe Luís Sottomayor, de um restaurante local, a propósito da sua carne de porco com fogaça, cuja confeção arranca com um refogado ao estilo escabeche e termina acompanhada por queijo de cabra.

“Não o faço sequer para mim, em casa”, realçou. “Não é que ele tenha uma confeção muito transcendente, mas não quero banalizar um prato que criei especificamente para ser um contributo meu para a Feira – que tem alguma doçaria própria, mas não tem efetiva gastronomia”, explica.

Criada há cerca de 18 anos, a iguaria assinada por Luís Sottomayor teve até aqui um currículo distraído, porque, segundo o chefe, “quem tratava da Cultura andava distraído e não percebia o valor do que tinha pela frente”.

Nesse contexto, a textura especial da fogaça “permite criar vários subprodutos com bastante qualidade”, como se vem verificando mais recentemente na oferta da restauração local, com a aplicação desse pão doce em novos acepipes e sobremesas.

É o caso do pudim de fogaça, com textura espessa ao estilo francês; da queijada de fogaça com cobertura de mirtilos; do gelado de fogaça de fabrico artesanal; e dos bombons que a levam no recheio e por isso se chamam “cortesãs”.

Já Rita Pinto, de uma pastelaria da Feira, preferiu recriar a receita italiana de tiramisu, substituindo os habituais palitos de champanhe por fatias de fogaça torrada.

“Quis criar uma sobremesa fresca, diferente, que não fosse um bolo para ficar na montra”, revelou. “Pensei numa receita tradicional que pudesse transformar em algo mais contemporâneo e que permitisse também o aproveitamento da fogaça que já tem alguns dias”, acrescenta.

A prova pode fazer-se no dia da Festa das Fogaceiras, sem reserva, ou em qualquer outra altura do ano, mediante solicitação prévia.

Num caso ou no outro, o tiramisu de Rita Pinho faz-se com fogaça mais dura, que é cortada em fatias e disposta a torrar antes de ser mergulhada em café. Só depois disso é coberta pelo creme de queijo mascarpone, para um resultado final “mais apelativo, com uma esponjosidade diferente”.

Mais dados sobre os locais onde estão disponíveis as referidas iguarias de fogaça podem ser solicitados à Câmara Municipal da Feira ou ao Posto de Turismo local.

Festa Fogaceiras