Um conjunto de 25 cartas de amor da pintora mexicana para o amante espanhol, o artista José Bartoli, vão ser leiloadas a 15 de abril pela leiloeira Doyle, que espera conseguir mais de cem mil euros, em Nova Iorque.
“Sinto que te amo desde sempre, mesmo antes de ainda teres nascido.” “A única coisa que para mim é certa é que te amo.” “Não me abandones. Mantém-me dentro de ti, imploro-te.” Estas são algumas das frases apaixonadas que Frida Kahlo escreveu a Bartoli, quando ainda era casada com o famoso muralista Diego Rivera. A relação entre os dois durou de 1946 a 1949.
Frida Kahlo conheceu José Bartoli através da sua irmã Cristina. A artista tinha acabado de ser operada à coluna vertebral e estava na cama do hospital em Nova Iorque, a cidade que o espanhol escolheu para se refugiar, fugido da Guerra Civil em Espanha. Antes de regressar ao México, pouco depois do seu primeiro encontro, Bartoli pediu à pintora que lhe escrevesse. Pois queria saber como recuperava. Recorde-se que Kahlo sofreu um acidente quando era mais jovem e a sua vida foi marcada por inúmeras lesões e intervenções cirúrgicas.
Mais tarde, já recuperada a artista recebe a visita do espanhol no México e é aí que tem início o romance, como se percebe pelas cartas, que vem agora a público pela primeira vez. “Bartoli, na noite passada senti como se muitas asas me acariciassem toda, como se as tuas impressões digitais tivessem bocas que beijavam a minha pele. Os átomos do meu corpo são os teus”, lê-se.
Bartoli torna-se também o grande confidente de Frida, algumas cartas chegam a ter 12 páginas. Neste lote não há respostas do espanhol, apenas rascunhos que este guardou dentro dos envelopes originais das cartas de Frida a que respondia.
A relação chegou ao fim quando Bartoli esteve no México e não visitou Frida. Eventualmente o tom desesperado da mexicana nas cartas afastou-o, refere no catálogo do leilão a historiadora e autora da biografia de Frida Kahlo, Hayden Herrera.
Apesar da rutura o espanhol guardou estas cartas, juntamente com fotos, desenhos e pequenos objectos que Frida lhe enviava, até à sua morte, sem nunca ter revelado o seu conteúdo. Quando em 1995 o espanhol morreu, a correspondência ficou nas mãos da sua família.