Aos 17 anos, Frederico Amaral deixou a ilha de S. Miguel, nos Açores, para perseguir o sonho de ser ator. “Fui descobrindo aos poucos que queria esta profissão, sempre fui um bocadinho artístico”, disse durante uma conversa com a Move Notícias no teatro Sá da Bandeira, no Porto, onde ao fim de semana está a atuar no espetáculo “Caixa Forte”.
Um ano antes de se mudar para a Invicta, para estudar teatro na Academia Contemporânea do Espectáculo, Frederico perdeu o pai e confessa que foi nessa altura que começou “à procura do teatro”. “Na altura, apercebi-me que era aquilo que queria fazer e comecei a trabalhar com o grupo Máquina do Tempo, pouco tempo depois decidi que queria estudar no Porto”, acrescentou. “A morte do meu pai foi um ponto de viragem e acho que o teatro me ajudou a passar por esse momento difícil”, revelou com a voz embargada pela emoção e recordações dessa época.
Sozinho numa cidade estranha, Frederico admite que a mudança foi radical: “Nos Açores é tudo mais pequeno, estamos rodeados de mar… e tudo isso influencia a nossa forma de ser. A mudança para um lugar onde há muita confusão e muito barulho foi um bocadinho difícil no início”. No entanto, o desejo de “alargar horizontes” facilitou a adaptação.
As recordações da Invicta
O ator, de 29 anos, viveu situações caricatas, nomeadamente no que diz respeito ao sotaque: “Ninguém me entendia, mas achavam piada. Andava sempre com um gravador para depois ouvir as pessoas a falar, numa tentativa de ter um sotaque limpo”, recordou, embora ainda hoje mantenha o sotaque da sua ilha. “No meu dia-a-dia não me preocupo com isso, mas em termos profissionais é importante ter o sotaque o mais limpo possível”, explicou. Prova disso, é que no palco com a peça “Caixa Forte”, ninguém adivinharia a sua terra de origem.
Do tempo de estudante na Invicta, o ator guarda as melhores recordações, nomeadamente o facto de ter festejado o título de campeão europeu conquistado pelo FC Porto: “Sou adepto do Porto e foi muito emocionante. Vivi momentos muito especiais, para além das amizades que ficaram”.
Em 2005 mudou-se para Lisboa e estreou-se profissionalmente em teatro com o “1755 – O Grande Terramoto”. No ano seguinte fez a sua primeira participação numa novela da TVI, “Dei-te Quase Tudo”. Porém, é em “I Love It” (2013), no papel de Rena, que passa a ser conhecido do grande público: “Era um açoriano extrovertido e foi, sem dúvida, o meu papel mais importante até agora. O ‘I Love It’ foi um projeto fantástico”.
Além do teatro e da televisão, Frederico Amaral também passou pelo cinema. “O teatro continua a ser o meu preferido. Não há experiência e magia melhor do que sentir o público”, afirmou. No entanto, gostaria de ter mais projetos em televisão. “Sou ator e tenho a noção que por ter feito uma novela não quer dizer que vá fazer outra a seguir. Há que gerir muito bem o facto de estar nesta profissão, o que às vezes é complicado. Principalmente porque sair de um projeto intenso de nove meses, não é fácil depois depararmo-nos com muito tempo livre”, admitiu, sem esconder o receio da instabilidade da profissão que escolheu.
Agora, o ator prepara-se para o “maior papel de todos”: ser pai. A namorada de Frederico Amaral, Marta Andrino, está grávida e o jovem não esconde a ansiedade. “Estou muito curioso e claro que surgem as questões normais de um futuro pai, de saber educar, cuidar…”, confessou.
Entretanto, enquanto se prepara para as novas aventuras que a vida lhe reserva, Frederico Amaral vai estar a fazer rir o público portuense até ao dia 31 de maio.
Fotos: José Gageiro