A urticária afeta um em cada quatro portugueses, sendo que cerca de um quarto desenvolverá a forma crónica da doença. De acordo com a imunoalergologista Célia Costa esta doença afeta a autoestima de quem dela padece.
A médica, do Hospital de Santa Maria, explicou à agência “Lusa” que, apesar de não existirem dados específicos sobre a população portuguesa, é possível transpor para Portugal os dados conhecidos sobre a população mundial. A urticária crónica grave tem um impacto “significativamente negativo” na qualidade de vida dos doentes, porque afeta a sua imagem devido às lesões na pele que, por vezes, são confundidas com uma doença infeciosa ou contagiosa. O que leva a que os doentes se isolem, porque têm vergonha de se expor aos outros. Os efeitos negativos incluem também a privação do sono ou desordens psicológicas, como depressão e ansiedade.
“Os sintomas (comichão forte e contínua) são irritantes, com agravamento durante a noite, o que interfere na qualidade do sono”, referiu a especialista. O facto de a pessoa não dormir bem tem “repercussões na vida social, na capacidade de concentração, na ‘performance’ laboral e na disponibilidade em estar com os outros”.
Com o objetivo de partilha de experiência entre as pessoas que sofrem da doença e no sentido de desmistificar a mesma, Patrícia Vicente criou no Facebook a página “Urticária Crónica Portugal”. “A ideia surgiu de não haver contacto com os doentes e não nos conhecermos, a não ser um ou outro que faça tratamento em conjunto”, afirmou Patrícia, que foi diagnosticada há quatro anos, quando tinha 30 anos. Além disso, alerta que a informação sobre a doença é “muito escassa”.
Célia Costa defende que “faz todo o sentido” haver uma associação que represente os doentes e divulgue a doença.