Histórias de trilhos e caminhos que nos construíram.
Os anos passam e percorremos vários caminhos. Por trilhos, estradas, ruas e ruelas às vezes até cortamos por alguns atalhos com a pressa de viver mais depressa.
Vão passando os anos e no meio das nossas encruzilhadas voltamos a alguns desses caminhos sem darmos por isso e cruzamo-nos com quem também por lá andava há uns anos atrás, como nós.
É durante todo este tempo, nos nossos percursos diários que conhecemos novas pessoas, fazemos novos amigos e por algumas curvas dos caminhos encontramos uns dos “velhos”, aqueles que já passaram por nós há uns anos e que voltam a estar lá, num desses cruzamentos. Voltas do destino promovem reencontros e ajudam a sentirmos que até temos memória! Aquela que está, no que seria, há muito pouco tempo atrás um arquivo morto é hoje um disco externo, que connosco se liga automaticamente quando nós nos “ligamos” também.
Fazermos o exercício de pensarmos nas diferentes pessoas que se foram cruzando connosco ao longo dos anos não é um exercício fácil! O nosso corpo é uma máquina e desculpem-me o abuso mas se a compararmos com um computador, também tem tempo limite, vai tendo uns “crash” ao longo do tempo, tem que ser formatado, limpo e tratado para não se perder. Mas quando enchemos o disco… Quando enchemos o disco temos que apagar qualquer coisa para ter espaço para mais. Ora, o nosso equipamento faz isso automaticamente. Ai as partidas da memória!
No pc lá arranjamos os tais discos externos, ou uma qualquer cloud da vida e preservamos as “memórias” que queremos. Connosco… Disco externo há que ser adaptado! A nossa história, da nossa vida, é o nosso filme principal. Este é que não podemos perder! Vejo quase toda a gente mais preocupada com o outro equipamento… O tal hardware, de quem já dependemos totalmente, do que com o mais valioso de todos… O nosso.
Discos pessoais externos precisam-se! Devíamos, alguns certamente e bem, já o fazem! Escrever as nossas histórias. Essas pessoas que encontramos quando voltamos ou passamos por alguns caminhos podem ser o esqueleto da nossa história de vida. Para o bem e para o mal, claro está, mas é a nossa.
Se nos lembrarmos dos nomes que foram passando por nós, à volta de cada um há uma história, boa e má. Mas se juntarmos todos os nomes (os que nos lembrarmos… preparem-se, falham tantos…) desenhamos tantas histórias que se olharmos e relermos todas juntas, é certamente uma delícia e muitas vezes uma surpreendente alegria. Vermos escrita a nossa história. Há melhor “documento” do que o nosso?
Um desafio. Construir uma lista, cronológica, de pessoas da nossa vida, histórias de cada uma connosco, vermo-nos com a inocência das diferentes fases que vivemos. Começar por um, pequenas referências que conseguirmos que nos levam a outras e outras.
Vamos ver como temos tanto, mas tanto dentro de nós, deste nosso “equipamento”, provavelmente o melhor de sempre e como é quase crime recuperar os outros “documentos” e perder os nossos!
Bem hajam os nossos arquivos! Foram eles que fizeram de nós o que somos hoje!
“«Sim, senhor! Isto é formidável!», murmurou quando tudo acabou. «Realmente formidável!» Limpou a
cara. Depois de lhe terem introduzido os efeitos do perceptível no estúdio, seria um filme maravilhoso” in. “Admirável Mundo Novo” Aldous Huxley